02/07/2019
Extra On e Globo On, 01/07/19
Casos de Polícia
Cerca de 30 linhas de ônibus que circulam em São Gonçalo, o segundo município do estado mais populoso com cerca de 1,1 milhão de habitantes, deixaram de circular ou tiveram seu itinerário alterado este ano em consequência de ações do tráfico ou de grupos de milicianos que dominam armados territórios na cidade. Os números constam de ofícios encaminhados pelos empresários de ônibus da cidade ao Ministério Público estadual, à Polícia Militar e ao setor de fiscalização do transporte público. Eles calculam que cerca de cem mil passageiros já foram afetados este ano.
Neste domingo, em mais um caso de extrema violência, um motorista de ônibus foi sequestrado, agredido e ameaçado por traficantes quando trabalhava. O Sindicato dos Rodoviários com atuação em Niterói e São Gonçalo (Sintronac) informou na tarde desta segunda-feira que depois do episódio, quatro linhas (totalizando 20 veículos) de ônibus paralisaram a circulação durante todo o domingo, afetando centenas de passageiros. Os ônibus só voltaram a transitar na manhã desta segunda-feira.
Segundo o sindicato, as ameaças começaram na manhã de domingo quando um grupo de bandidos exigiu um ônibus para que traficantes fossem levados a uma partida de futebol. A empresa se recusou e um bando armado foi ao ponto final das linhas, no bairro do Mundel, sequestrou o motorista que foi obrigado a seguir com um ônibus até o interior da comunidade.
No local, ainda segundo o sindicato, o profissional que estava uniformizado foi ameaçado de morte e agredido. O sindicato informou que o profissional está recebendo toda assistência necessária, com apoio de médicos, psicológicos e jurídico.
Em abril deste ano, durante a guerra entre quadrilhas dos bairros do Salgueiro e Jardim Catarina, empresas de ônibus foram forçadas, segundo o sindicato, a suspender a circulação de 18 linhas, prejudicando milhares de usuários do transporte coletivo no município.
Em nota, o sindicato informou que “tem denunciado, há mais de dois anos, a escalada da violência em São Gonçalo, com ações cada vez mais agressivas por parte dos traficantes”. Também lembrou que um grupo de trabalho foi criado, envolvendo advogados e diretores. O texto revela ainda que a categoria estuda medidas para mobilizar as autoridades públicas em torno desta questão. Não estão descartados protestos e até uma paralisação das atividades da categoria.
O empresário Márcio Barbosa, presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado (Seterj), revelou nesta segunda-feira que o número de funcionários ameaçados por traficantes e milicianos que atuam no município aumentou bastante este ano. Ele também afirmou que a paralisação do serviço e a mudança de itinerário tem virado uma rotina.
“Infelizmente, em São Gonçalo, ações violentas do tráfico e de grupos milicianos viraram rotina. Tem ocorrido com muita frequência. Já comunicamos às autoridades de Segurança Pública, ao Ministério Público estadual e do transporte tudo que tem ocorrido. Os rodoviários e os empresários recebem ameaças de toda ordem. O que está ocorrendo em São Gonçalo é gravíssimo”, afirmou.
O Sindicato dos Rodoviários com atuação em Niterói e São Gonçalo enviou ofício nesta segunda-feira ao 7° BPM (Alcântara) no qual solicita reforço de policiamento nos bairros do Mundel, Vista Alegre e São Pedro, em São Gonçalo.
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