24/03/2025
24/03/25, Portal do Rodoviário
Os jogos on-line já são considerados um problema de saúde pública pelo Ministério da Saúde. Eles são classificados por especialistas como uma ameaça que pode levar à dependência, assim como o álcool e as drogas. Psiquiatras e psicólogos afirmam que apostar é um comportamento sedutor e viciante, pois libera dopamina no cérebro, causando momentos de euforia e prazer e, consequentemente, levando à repetição do ato. E, como qualquer vício, pode gerar também episódios de ansiedade e depressão, com finais trágicos. O fato é que o brasileiro nunca gastou tanto em jogos como agora. “É muito fácil jogar on-line: você não precisa sair de casa ou de onde você está; basta pegar o celular. E isso em qualquer dia e a qualquer hora. As pessoas estão perdendo seus salários e o sustento dos filhos, gastando o que têm e o que não têm”, diz o presidente do Setrerj.
Uma pesquisa do Instituto DataSenado, divulgada em outubro passado, revelou que 42% dos brasileiros que dizem ter gastado alguma quantia em apostas esportivas ao longo de um mês estavam endividados, com contas atrasadas há mais de 90 dias. O levantamento mostrou também que homens até 39 anos, com ensino médio completo, são os maiores usuários de aplicativos de apostas esportivas no País – justamente o perfil de boa parte dos trabalhadores rodoviários. Entre os pesquisados que já fizeram apostas esportivas, 62% são do sexo masculino, 56% têm entre 16 e 39 anos e 68% exercem alguma atividade remunerada. A maior parte (52%) ganha até dois salários mínimos e outros 35% ganham entre dois e seis mínimos. Outro estudo, publicado pela “The Lancet”, revista científica sobre medicina, alerta que 1,4% dos adultos do mundo tem o chamado transtorno do jogo, reconhecido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
Prejuízo atinge a economia
O prejuízo vai além dos lares afetando também a economia. Em 2024, segundo estudo divulgado em janeiro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o varejo deixou de faturar R$ 103 bilhões porque os recursos dos cidadãos foram destinados para as bets. O mesmo levantamento mostra que os brasileiros gastaram cerca de R$ 240 bilhões em jogos on-line. Matéria da Revista Veja, também de janeiro, informa que o Governo Federal tem buscado uma maneira de mitigar esse problema e que o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal de Contas da União, com apoio de várias entidades, defendem regras mais rígidas para o funcionamento das bets.
Para tentar diminuir o problema, em julho passado o Ministério da Fazenda publicou uma Portaria regulamentando os jogos de aposta. A modalidade já era legalizada no país desde 2018, mas carecia de regulamentação. Em 2023, as regras foram sancionadas e, no começo de 2024, foi criada uma secretaria própria no governo para cuidar da regulação. Com isso, os sites legalizados terão sistemas de cadastro de usuários com reconhecimento facial, visando coibir seu uso por menores de idade, além de trazer maior controle sobre a identidade do apostador. Também ficou definido que as empresas devem avaliar a capacidade financeira dos apostadores para garantir que seus gastos não comprometam sua renda. As bets poderão suspender o uso do sistema de apostas caso o apostador apresente sinais de risco alto de dependência e de transtornos do jogo patológico.
Recentemente, o Sest Senat São Gonçalo e o Setrerj lançaram um programa de palestras sobre educação financeira e saúde mental voltado para o vício nas bets. O Grupo Santo Antônio foi o primeiro a levar o programa para seus colaboradores.
Por que os jogos de azar são tão viciantes?
A combinação de vários fatores contribui para o vício em jogos de azar. A aleatoriedade dos resultados, a possibilidade de ganhos rápidos e o fácil acesso por meio de dispositivos móveis formam um ambiente ideal para o desenvolvimento desse vício. Além disso, a dopamina — neurotransmissor relacionado ao prazer — é liberada em grandes quantidades durante os momentos de vitória, reforçando o comportamento de apostar repetidamente.
Impactos na Saúde Mental
Os efeitos do vício em jogos de azar na saúde mental são numerosos, e incluem:
Educação financeira é uma ferramenta preventiva
A educação financeira desempenha um papel fundamental na prevenção do vício em jogos de azar. Ao aprender como o dinheiro funciona, como investir de maneira inteligente e evitar fraudes, as pessoas são mais capazes de tomar decisões conscientes e evitar armadilhas financeiras, como os jogos de azar.
O papel das empresas na prevenção
As empresas podem contribuir significativamente na prevenção e tratamento do vício em jogos de azar entre seus colaboradores. Palestras e campanhas de conscientização sobre o tema, combinadas com programas de educação financeira, ajudam a criar um ambiente de trabalho mais saudável e a fortalecer a resiliência dos funcionários contra o vício.
A importância de buscar ajuda profissional
Buscar ajuda profissional é um passo importante no tratamento do vício em jogos de azar. Terapias comportamentais e grupos de apoio são ferramentas eficazes que podem auxiliar as pessoas a superarem essa dependência.
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